Experimento Mental I

Imagine que certo dia uma nave espacial pousa em algum lugar da terra. De dentro dela sai uma criatura com aparência humana e pronuncia aos que estão presentes o seguinte comunicado: “caros terráqueos, quem voz fala é o embaixador da civilização xyz. Somos de uma região do universo muito distante da Terra. Tomamos a iniciativa de entrar em contato devido ao fracasso humano ao tentar encontrar sinais de vida fora do seu planeta. O vosso conhecimento sobre o universo é tão precário que jamais nos encontrariam. Vossa busca é infrutífera não apenas no modo de proceder, mas principalmente no resultado almejado. Vossa inteligencia subdesenvolvida é incapaz de conceber as mais diferentes formas de vida existentes no universo. Tanto que para me apresentar aqui tive que assumir a forma humana para poder ser compreendido pela vossa inteligência limitada. Preciso avisar que não adianta nos procurar. Nosso modo de ser é completamente diferente daquilo que os seus equipamentos sensoriais e racionais são capazes de captar. Em breve viremos para estabelecer contato duradouro com vossa civilização, por hora preciso voltar para xyz. Espalhem esta mensagem entre seus semelhantes.” Então entra de volta na nave e imediatamente decola, desaparecendo no céu. Minha questão é: O que aconteceria na terra após este momento? As pessoas que presenciaram a visita extraterrestre correriam para anunciar a notícia. Mas as outras pessoas acreditariam? Certamente haveria fotos, videos e outros tipos de registros, mas seria possível diferenciar isto dos filmes de ficção? Muitas dúvidas poderiam ser levantadas, apesar da insistência das testemunhas. As pessoas próximas das testemunhas acreditariam nelas, por conhecerem sua integridade. Mas as demais pessoas pensariam tratar-se de mais um destes casos sem explicação que enchem as revistas de ufologia e que fascinam as mentes de pessoas com imaginação fértil e pouco critério de racionalidade. Aos poucos o grupo de testemunhas e seus seguidores formaria uma comunidade. Isto é inevitável, pois eles seriam não apenas um grupo de pessoas que compartilhara uma experiência, mas sim um grupo que aguarda a o retorno do visitante extraterrestre com a sua turma. Ou seja, este grupo de pessoas estaria se preparando para uma grande revolução na situação da civilização terrestre. Mas poderia ser que este retorno demorasse alguns anos, ou talvez gerações. Talvez o “em breve” do extraterrestre significasse um tempo um pouco longo em relação à nossa breve existência. Então talvez o grupo dos que esperam se dissolvesse. Ou talvez não, talvez os descendentes das testemunhas mantivessem a expectativa, e talvez seguissem buscando convencer aos outros da eminente vinda dos seres da outra região do universo. Mesmo assim eles continuariam com suas vidas. Trabalhariam, estudariam, viajariam… Mas tudo eles fariam de uma perspectiva diferente. O astrônomo olharia para o céu de outra forma. O empresário administraria seus negócios com outros objetivos. O que fosse político disputaria outras causas. Enfim, aqueles que cressem na realidade daquela visita diplomática extraterrestre interpretariam o mundo e a vida de forma diferente daqueles que não cressem. Algumas pessoas não se preocupariam em pensar nisso, e ignorariam completamente a questão, seguindo o ritmo do dia-a-dia. Mas entre aqueles que se dedicam a formular sistemas teóricos que explicam a realidade como um todo, haveria uma divisão em duas linhas: Os que cressem no Embaixador incluiriam em seus sistemas a sua existência, e as consequências desta realidade. E por crerem em algo “sem provas”, seriam chamados de teólogos.